quarta-feira, março 11, 2020

Super-homem de barro também voa

Minha infância foi marcada por muita peraltagem. Sempre que lembro dos fatos, não sei se peço a Deus filhos assim, pois criança agitada é sinônimo de saúde, ou, se peço filhos mais calmos, para que eu não passe os sustos que a minha mãe passou quando eu era menina.
Entre inúmeras histórias do meu tempo de criança, existe uma que ficou marcada de verdade, tanto na minha mente, quanto no meu corpo. Foi, em um sábado, certamente no mês de setembro, mês de caruru de Ibejí, lembro bem da data porque como minha mãe é católica fervorosa, ela não me deixava participar dessas atividades de religião de matriz africana, no final das contas eu não ia porque tinha medo, mas hoje vou para todos. Como eu estava dizendo, nesse mês, a rua toda estava em um caruru e eu também estava na rua, mas andando de bicicleta. E, para não ficar por baixo, tentei impressionar a plateia de convidados do caruru que estava na maior algazarra, então resolvi dar um show em cima da magrela. O resultado foi como esperado: eu chamei atenção mesmo. Corri e cai, deslizei e ralei pelo chão da rua que tinha a pavimentação comprometida, lá estavam misturadas pedras, asfalto e areia. O fato de ter deslizado um espaço e um tempo considerável, rendeu-me o apelido de super-homem de barro.
A infância passou, a adolescência certamente trabalhosa para minha mãe também passou e a vida adulta chegou com toda a minha hiperatividade. Hoje sou uma adulta que não pára, principalmente de ler e escrever, atividades através das quais tento canalizar toda a minha energia. Agora sou uma super-homem de barro que voa para conhecer novos lugares, pessoas, saberes, histórias e ciências.
Por: Luciana Oliveira

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