Minha
infância foi marcada por muita peraltagem. Sempre que lembro dos
fatos, não sei se peço a Deus filhos assim, pois criança agitada é
sinônimo de saúde, ou, se peço filhos mais calmos, para que eu não
passe os sustos que a minha mãe passou quando eu era menina.
Entre
inúmeras histórias do meu tempo de criança, existe uma que ficou
marcada de verdade, tanto na minha mente, quanto no meu corpo. Foi,
em um sábado, certamente no mês de setembro, mês de caruru de
Ibejí, lembro bem da data porque como minha mãe é católica
fervorosa, ela não me deixava participar dessas atividades de
religião de matriz africana, no final das contas eu não ia porque
tinha medo, mas hoje vou para todos. Como eu estava dizendo, nesse
mês, a rua toda estava em um caruru e eu também estava na rua, mas
andando de bicicleta. E, para não ficar por baixo, tentei
impressionar a plateia de convidados do caruru que estava na maior
algazarra, então resolvi dar um show em cima da magrela. O resultado
foi como esperado: eu chamei atenção mesmo. Corri e cai, deslizei e
ralei pelo chão da rua que tinha a pavimentação comprometida, lá
estavam misturadas pedras, asfalto e areia. O fato de ter deslizado
um espaço e um tempo considerável, rendeu-me o apelido de
super-homem de barro.
A
infância passou, a adolescência certamente trabalhosa para minha
mãe também passou e a vida adulta chegou com toda a minha
hiperatividade. Hoje sou uma adulta que não pára, principalmente de
ler e escrever, atividades através das quais tento canalizar toda a
minha energia. Agora sou uma super-homem de barro que voa para
conhecer novos lugares, pessoas, saberes, histórias e ciências.
Por: Luciana Oliveira
Por: Luciana Oliveira