Vendedora de Pensamentos
Luciana Oliveira. Ama a mãe e as TIC.
quarta-feira, janeiro 24, 2024
Aulas de informática para idosos - Salvador
Aulas de informática para idosos em Salvador
71 98743-6857
sexta-feira, agosto 07, 2020
Aprender a Ler
Quando minha mãe me informou que eu iria pra escola, aos quatro anos, os dias que antecederam o primeiro dia de aula foram de grandes expectativas. Estava tão contente que comecei a contar para amigos e familiares que iria “escolar”, assim criei uma bela hipótese para usar verbo e hoje vejo que eu estava no caminho certo, pois quem vai para o trabalho vai trabalhar e quem vai para o jogo vai jogar, logo, quem vai para a escola: vai escolar!
A escola era pequenininha, tinha a sala dos travesseiros, a sala para guardar a merendeiras, a grande sala onde aconteciam as aulas e um banheiro. Hoje percebo que esta estrutura era de uma casa e não de uma escola, mas era aconchegante. Gostava muito dos cheiros que sempre tinham lá, uma hora era da tinta, outra hora da massa de modelar, ou, de suco com bolacha Mirabel, o cheiro que eu mais gostava.
Na série que chamávamos de Alfabetização, que hoje já não tem mais este nome, mudei de escola e tenho poucas lembranças desta durante o período da alfabetização, pois, depois deste ano, essa segunda escola passou por muitas reformas. Recordo-me fielmente de como ela era nos anos seguintes: a escola tem três andares, três salas em cada um, todas as salas tinham desenho relacionado com a infância na parede, um grande pátio com chão de mármore descoberto, outro pátio do mesmo tamanho coberto, mas esqueci como era a sala da alfabetização e penso que este esquecimento é uma resposta do meu inconsciente, pois a experiência de alfabetização não foi agradável.
O único fato que me recordo bem foi uma prova oral. Foi inesquecível, vez em quando me pego pensando nesse fato. No dito dia, a "tia" me chamou em sua grande mesa e me mostrou uma folha com várias letras organizadas em forma de palavras e nesta mesma folha tinha algumas figuras. Ela apontava para um conjunto de letras e pedia para eu ler, mas eu burlava e falava o nome da figura.
O resultado foi um S.R, sem rendimento, pois eu não havia acertado nada!
Com isso, voltei para casa pensativa, ficava me fazendo perguntas carregadas de sentimento de culpa:
- será o que havia escrito ali!?!?
- será que eu não sei ler ainda?!?
- como é que ler mesmo!?!
- todos conseguiram menos eu!
- minha mãe vai brigar comigo porque eu errei!!!
Esse foi meu pior fracasso escolar.
Mas, apesar dessa vivência frustrante, eu gostava da escola, mas, eu gostava mesmo era da sexta-feira, que era dia de recreação, dia que eu podia levar meus brinquedos e brincar muito com os coleguinhas.
Mesmo sem saber ler (juntar os pedacinhos e pronunciar as palavras) eu fui passada para a primeira série. Mas antes da aprovação, a diretora conversou com minha mãe (que era formada em magistério), a “tia” informou que me passaria para ver se eu acompanhava o grupo. E foi justamente isso que aconteceu! No meio desse processo eu já estava conseguindo fazer as atividades, estava decodificando e adquirindo um pouco de autonomia. Lembro que o boletim era cheio de nota azul e tinha apenas uma verde. Eu ficava cheia de orgulho próprio por conseguir fazer tudo. O processo de aprender a ler aconteceu como uma mágica. De repente estava lendo!
Continuei nesta mesma escola até a quarta série, hoje avalio que ela não era muito interessante, pois uma escola nunca é interessante para um criança que não via razão de estar ali e não tinha desejo pela rotina vivida naquele espaço.
Gostava pontualmente de algumas atividades. Em Língua Portuguesa, por exemplo, eu amava quando tinha ditado mudo, durante essa atividade, a “tia” mostrava objetos e eu podia transformar eles em letras, eu lembro que era uma experiência muito boa, pois, para mim, ver o objeto era melhor do que se a “tia” ficasse falando o nome deles. Hoje chego a conclusão de que eu gostava era do concreto! Talvez um método montessoriano fosse mais adequado para dar mais sentido à minha aprendizagem.
Tenho em mente que tinha uma grande expectativa para ler os livros que minha irmã lia, pois ela era mais velha e estava em séries mais avançadas. Mas alguma coisa aconteceu que a escola deixou de exigir literatura. Eu não sei, pois era a mesma escola, mas as orientações foram diferentes, talvez tenha sido a mudança da professora, não lembro bem. Só voltei a ler literatura porque comecei a copiar o comportamento de uma amiga no primeiro ano do Ensino Médio. Começamos a trocar ideias, livros e vivências sobre literatura. E isso foi fantástico, pois a literatura me motivava.
Considero que todos os anos de escolarização também fizeram parte do meu processo de alfabetização. Hoje tenho consciência que na época que fui alfabetizada eu aprendi apenas como decodificar, pois o letramento de textos não literários só fui adquirir na faculdade e melhorei com a pós-graduação.
Escrever esse texto foi como uma catarse. Não foi fácil construir essa autonarrativa. Mas, depois de feita, concluo que ela é uma prova de que aprendi a ler. Almejo que a minha experiência possa inspirar educadores pelo mundo e crianças que passam por problemas parecidos com o meu.
quarta-feira, março 11, 2020
Super-homem de barro também voa
Minha
infância foi marcada por muita peraltagem. Sempre que lembro dos
fatos, não sei se peço a Deus filhos assim, pois criança agitada é
sinônimo de saúde, ou, se peço filhos mais calmos, para que eu não
passe os sustos que a minha mãe passou quando eu era menina.
Entre
inúmeras histórias do meu tempo de criança, existe uma que ficou
marcada de verdade, tanto na minha mente, quanto no meu corpo. Foi,
em um sábado, certamente no mês de setembro, mês de caruru de
Ibejí, lembro bem da data porque como minha mãe é católica
fervorosa, ela não me deixava participar dessas atividades de
religião de matriz africana, no final das contas eu não ia porque
tinha medo, mas hoje vou para todos. Como eu estava dizendo, nesse
mês, a rua toda estava em um caruru e eu também estava na rua, mas
andando de bicicleta. E, para não ficar por baixo, tentei
impressionar a plateia de convidados do caruru que estava na maior
algazarra, então resolvi dar um show em cima da magrela. O resultado
foi como esperado: eu chamei atenção mesmo. Corri e cai, deslizei e
ralei pelo chão da rua que tinha a pavimentação comprometida, lá
estavam misturadas pedras, asfalto e areia. O fato de ter deslizado
um espaço e um tempo considerável, rendeu-me o apelido de
super-homem de barro.
A
infância passou, a adolescência certamente trabalhosa para minha
mãe também passou e a vida adulta chegou com toda a minha
hiperatividade. Hoje sou uma adulta que não pára, principalmente de
ler e escrever, atividades através das quais tento canalizar toda a
minha energia. Agora sou uma super-homem de barro que voa para
conhecer novos lugares, pessoas, saberes, histórias e ciências.
Por: Luciana Oliveira
Por: Luciana Oliveira
quarta-feira, abril 03, 2019
Por que na escola o tempo não passa?
Os
relógios são feitos para contar as horas no mesmo ritmo, mas, na
escola, parece que o ponteiro resolve
andar mais devagar e muitas vezes a impressão é que
ele parou. E não adianta especular que o
turno da tarde passa mais rápido que o
da manhã, ou vice-versa, pois existe um consenso de que
as horas não passam mesmo, independente do período. Mas, nem todos
os espaços e tempos da escola são assim, existem determinados
momentos onde o tempo parece voar. São
exemplos o recreio e a educação física. Parece que
o tempo escolhe quando ele deve passar mais ligeiro (na hora
da diversão) e quando ele deve se arrastar (no momento de atividades
enfadonhas e repetitivas). Diante desses exemplos, podemos concluir
que a percepção que
temos sobre a passagem do tempo está diretamente ligada ao
prazer que a atividade proporciona.
Por: Luciana Oliveira
O mundo sem escrita
É impossível imaginar o mundo hoje sem a escrita. Isso porque, a invenção da escrita desencadeou na criação de uma grande diversidade de artefatos tecnológicos pelos quais os homens são extremamente dependentes nos dias de hoje. Entre os argumentos para defender essa impossibilidade, estão as elucubrações de um mundo sem recursos como luz, informática e internet. Mas todos esses argumentos estão certamente ligados aos fatos de que pela escrita foi possível acumular historicamente conhecimentos, bem como, criar e desenvolver Ciência. Ambos os fatos desencadearam no desenvolvimento da tecnologia presente em diversas atividades contemporâneas. Sem a escrita, as relações interpessoais ficariam restritas dentro de pequenos grupos. E, os conhecimentos seriam registrados apenas através da linguagem oral e das pinturas. Por tudo isso, é impossível pensar o mundo sem a escrita.
Por: Luciana Oliveira
Por: Luciana Oliveira
-->
sexta-feira, janeiro 16, 2015
Assinar:
Postagens (Atom)